terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O reveillon do fim do mundo



Sílvio Lanna
Foram 192 países representados, 12 dias de discussões, muita mídia, muitos protestos. Tudo isto para nada. A COP-15 foi um fracasso total.
Nenhum avanço prático com relação ao Protocolo de Kioto, nenhuma alternativa às suas proposituras, que já atingem doze anos de existência e muito pouco para comemorar.
Avançam os anos, recrudescem os problemas, o abismo se aproxima e as grandes potências mundiais não são capazes de enxergar além de seus próprios interesses econômico-financeiros de curto prazo.
Os EUA tudo fizeram para compensar a incompetência técnica dos altos executivos de alguns de seus maiores brancos e financeiras. No pós-crise do subprime enterraram algo em torno de 1 trilhão de dólares em instituições vítimas de sua própria ganância.
O presidente Obama (que deveria ter a decência de devolver o Nobel da Paz que recebeu) gasta seu tempo tentando fazer no Afeganistão o palco de uma guerra de verdade, aparentemente tentando rivalizar-se com Bush em sua proeza no Iraque. Atua também em defesa do protecionismo comercial, ampliando o buy american e dificultando o acesso das economias emergentes ao mercado comprador americano.
E dá-lhe CO2 na atmosfera.
Que se dane o futuro - deve dizer a seus botões -, o que importa é a grandeza norteamericana. Tudo isto no melhor estilo republicano, comprovando o fato de que os democratas são diferentes, pero no mucho.
Quanto à China, parceira importante dos EUA na responsabilidade pelo fracasso da COP-15, o presidente Hu Jintao também está se lixando para uma fumacinha a mais no céu do planeta. Afinal, é um país de aceleradíssimo crescimento industrial, que vem derrubando seguidas barreiras estatísticas e ampliando enormemente sua participação no mercado mundial.
Tudo às custas do estilo travesti que adotou em sua política interna. Afinal, apresenta-se ainda como uma economia socialista mas, tirando a máscara o que aparece mesmo é uma sólida estrutura capitalista garantida por uma férrea ditadura política.
Quanto à Europa, suas principais nações foram capazes de entregar entre 2 e 3 trilhões de dólares aos irresponsáveis participantes da jogatina americana dos créditos imobiliários. Mas não são capazes de medidas realmente de impacto em defesa do planeta.
Sarkozy até que trouxe seus protestos, mas tudo pareceu mesmo um jogo de cena para consumo interno na França, que vem apurando resultados econômicos insatisfatórios e possui uma opinião pública explosiva.
A Alemanha, ainda às voltas com a problemática integração leste-oeste tem em Angela Merkel uma dirigente pouco disposta a contribuir de verdade com a questão climática.
Da mesma forma o colega Gordon Brown, às voltas com índices inflacionários indesejados e um crescimento do PIB perto de zero na Inglaterra.
Já disseram que o momento em que ocorreu ao Conferência de Copenhagen não foi o mais propício em razão dos tropeços econômicos vividos por muitas nações pelo mundo afora. Talvez seja verdade. Só se esqueceram de dizer isso ao planeta e à camada de ozônio...
Enquanto isto vamos caminhando para um destino previsível e caótico onde as condições climáticas poderão fazer deste planeta um local insuportável para se viver.
Por prevenção, é bom reservarmos alguma champagne para o reveillon do fim do mundo.

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