Nos anos
de chumbo os generais de plantão perseguiram as famosas e alardeadas
organizações subversivas, bem como seus integrantes, também subversivos. Tudo
isto para alívio dos pais e mães de classe média, uma vez que – dizia-se – esses
elementos devoravam criancinhas. Criancinhas vivas e cruas. Um horror!
Em
sua intentona patriótica... Ôpa! Intentona é outra coisa! Em sua cruzada (ficou
melhor) patriótica perseguiram estudantes, torturaram à vontade, mataram à
revelia.
Lá
nos recantos do meu Rio Casca não se sabia muito sobre tudo isto. O povo
trabalhador entendia que subversivo era gente aliada ao Coisa Ruim. Pessoas que
buscavam transformar nosso querido país numa tal de Cuba ou, pior, numa tal de
URSS (sigla cujo significado era muito intrincado para se entender).
Mas
um fato era certo: a luta era do bem contra o mal, tal como nos cordéis poetizados
por nossos grandes literatos populares nordestinos.
Aí
vêm os dicionários – diversos deles – a estabelecer de forma praticamente
igual, o significado da odiosa palavra SUBVERSIVO. Segundo eles este palavrão tem
o sentido de “...aquele que subverte...” ou “...aquele que prega ou executa
atos visando à transformação ou derrubada da ordem estabelecida...” ou ainda, o
mesmo que “revolucionário”.
Neste
momento veio-me à mente alguém que fez coisa semelhante: Jesus Cristo. Não!
Devo estar errado. Isto porque os subversivos na ditadura brasileira pretendiam
derrubar o governo! Ousavam desobedecer às normas patrioticamente impostas
pelos generais! Não!
Agora
falando sério (oi, Chico!), estou tendo a impressão de que movimentos
subversivos estão agindo à solta no Brasil neste exato momento.
Apoderaram-se
clandestinamente de políticas históricas de governos anteriores, que
objetivavam o combate à fome.
Afrontaram
normas governamentais atuais que cercearam nos orçamentos os recursos
financeiros destinados ao atendimento de miseráveis e famintos.
Desconsideraram
que os perdões de dívidas bilionárias de igrejas consumiram recursos do Estado.
Nem
se preocuparam com as isenções cedidas gentilmente aos barões do agronegócio,
sustentáculos de nosso louvado neoliberalismo.
Fizeram
tudo isto à luz do dia, em ato claramente atentatório à estrutura
organizacional do Estado e suas diretrizes administrativas.
Isto
é verdadeiramente SUBVERSÃO.
Corajosamente
listarei a seguir alguns desses MOVIMENTOS SUBVERSIVOS em atuação no Brasil:
1)- O
tal Movimento Sem Terra – MST, não obstante ter sido classificado como
terrorista (uma categoria acima dos subversivos) doou 3,4 mil toneladas de
alimentos a famintos neste país.
2)- Um
outro, o tal do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto – MTST lançou um
projeto denominado Cozinhas Solidárias, destinado a fornecer ao menos uma
refeição diária a tantos que podem ter escapado momentaneamente da Covid, mas
não escaparam da fome.
https://psol50.org.br/cozinhas-solidarias-do-mtst-combatem-a-fome-nas-periferias-em-plena-pandemia/
Ainda veio a tal Central Única das Favelas –
CUFA, com o projeto Panela Cheia Salva, destinado a alimentar pessoas em
situação de vulnerabilidade social (expressão politicamente correta para
designar miséria e fome mesmo).
https://www.cufa.org.br/noticia.php?n=ODMw
https://www.panelacheiasalva.com.br/
Além
de muitas outras organizações sociais autônomas e brotadas direto de nosso
solo, sem adubos governamentais temos ainda o projeto Tem Gente Com Fome,
cujo título já nos dá seu próprio sentido.
https://www.temgentecomfome.com.br/
Pois
é gente, cuidem-se os cônsules... Vai que um movimento desses resolva sequestrar
um deles...
Enquanto
isto, todas as organizações acima e tantas outras que têm em suas alças de mira a
fome, a desnutrição, o desemprego, a miséria e o abandono carecem de nossa
ajuda. Não importa o quanto. Importa a atenção, importa a consciência (esta sim
patriótica).
Quato
à ordem legal, posso garantir que ninguém será processado pela LSN (Louvados Sejamos
Nós).