sábado, 4 de julho de 2020

ADÚ - UM EXCELENTE LANÇAMENTO DA NETFLIX




Adú é um filme espanhol lançado em janeiro de 2020 produzido por Netflix e lançado pelo streaming no final de junho último.

Trata-se de um drama que conta com roteiro de Alejandro Hernández e direção de Salvador Calvo. No papel principal o menino Moustapha Oumarou, africano de Benin, cujo personagem conta com apenas seis anos, mas vive aventuras impressionantes até para adultos experimentados. O ator enfrenta com segurança sua atuação e, considerando-se sua idade real, revela-se um verdadeiro ator. 

O filme conta com um roteiro primoroso. Hernández (O Autor, 1898 – Os Últimos das Filipinas e Criminal Espanha) conta as histórias e desventuras do pequeno Adú, que atravessa com imensas dificuldades boa parte da África, envolvendo-se involuntariamente em riscos, perigos e tragédias em busca de seu pai.

O roteirista cria a narrativa em três óticas diversas, sutilmente interligadas, mas que mantêm interessante vida própria. Aliás, sutileza é a palavra para definir a condução firme da história do princípio até o final. Há detalhes para os quais será necessária razoável atenção do expectador, sob pena de perda de características importantíssimas para o enredo. Em suma, um grande roteiro, na lista dos melhores já apresentados pela Netflix.

 Na direção o relativamente inexperiente Salvador Calvo (1898 – Os Últimos das Filipinas, Maras, The Duchess) enfrenta um roteiro que enfoca diversas realidades africanas e um drama pungente com muita categoria. O diretor mantém o filme sem permitir que descambe para o drama piegas ou as atrocidades explícitas. Dirige aparentemente da forma em que o roteirista deseja, perpassando os momentos de forte dramaticidade, tristeza e cenas atrozes sutilmente reveladas na película. A relativa leveza da direção não impede que sejam vertidas algumas lágrimas nos olhos dos mais emotivos. Uma direção realmente primorosa.

Temas extremamente importantes e atuais para a realidade africana, como a proteção da fauna, as constantes guerras civis e milícias violentas convivem com a extrema pobreza endêmica no continente. Tema como a exploração sexual e a AIDS também estão presentes superficialmente na narrativa. Esses tópicos são exibidos com relação a diversas nações, bem como sua submissão aos colonizadores, no filme principalmente os espanhóis.

Adú junta-se a Beast of No Nation e Hotel Ruanda como algumas das melhores produções cinematográficas já feitas demonstrando a dura realidade do continente africano.

Não sou especialista em cinema, mas em minha modesta condição de amante da Sétima Arte permito-me sugerir Adú como fortíssimo concorrente ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2021.

A seguir o trailer oficial: 

https://www.youtube.com/watch?v=9Y2ZI3Rg_OA