segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

"DEUS NÃO PERTENCE A NENHUM POVO"



É preciso reconhecer a sapiência e o equilíbrio, principalmente em um mundo de senhores e servos, comandado pela hipocrisia e por sentimentos anticristãos.

O papa Francisco vem desempenhando um papel digno à frente de sua Igreja. Ninguém precisa ser católico para admirá-lo.

Vem caminhando em defesa das mais simples ovelhas do rebanho de Cristo, ao contrário de quase todos os que o antecederam (com a honrosa exceção de João Paulo II).

Não por outras razões que se encontra em curso processo de deposição de Francisco do trono de Pedro, impeachment inédito na Igreja Católica.

Orquestrado por influentes cardeais, que do recôndito de suas vestes carmins nutrem explícita saudade dos tempos medievais, onde a Santa Inquisição por eles manejada impunha sua vontade.

É o poder pelo poder, tão caro às mentes depravadas que insistem em falar como sucedâneos de Cristo, que pregou pelo mundo exatamente o desapego ao poder e o amor pelos mais pobres.

As tentativas que ensejavam repercutir suas mensagens foram torpedeadas pelos que se assenhoraram de seu legado, a exemplo da Teologia da Libertação nos anos setenta do século passado.

João Paulo I e Bento XVI censuraram o movimento, punindo clérigos como Leonardo Boff e outros pela insurreição aos preceitos de domínio e exercício do poder, tão a gosto da Santa Sé.

A tese protestante, surgida exatamente por discordar dos princípios medievais católicos, condenando a venda de indulgências, a vinculação com o poder político, o apego à riqueza terrena, a suntuosidade dos templos, a manipulação dos fiéis e a apropriação pelos padres dos ensinamentos de Jesus, faz hoje o contrário.

A irresignação de Lutero, Calvino e outros de boa fé que idealizaram o rompimento com os padrões católicos tem como pano de fundo o combate ao que vemos em nossos dias, orquestrado por diversas igrejas ditas “evangélicas”.

Ao contrário de manter viva a fé e os ensinamentos de Cristo, envergonham a todos nós e jogam na lama a Bíblia e suas palavras de amor e despojamento.

Assenhoraram-se de Deus, a ponto de publicar em outdoors que ele “fará” os desejados milagres, claro, ao peso de sucessivas contribuições pecuniárias.

Não satisfeitos, alguns líderes hipotecaram adesão de seus membros ao governo eleito, garantindo presença no comando do país, a exemplo da igreja medieval.

No meio de todo esse lodaçal surge uma figura merecedora de reverência e profunda admiração. Combatendo toda essa estrutura poderosa é considerado “comunista” por aqueles cujo cérebro tacanho não permite enxergar a realidade (ou prefere o exercício da hipocrisia).

Sua visão límpida e isenta de vícios mundanos é como farol na tempestade, iluminando a escuridão e ferindo inconfessáveis interesses.

É como diz o Sumo Pontífice: “DEUS NÃO PERTENCE A NENHUM POVO”.

Não pertence mesmo.

Não é dos judeus (como defendem muitos), não é dos poderosos (como desejam outros), não é da igreja católica (como pregam bispos e cardeais), não é dos protestantes (como pretendem inescrupulosos líderes).

Mas poderá ser de qualquer um, desde que atendidas duas condições principais: o amor e a simplicidade, ambos tão em falta neste mundo.

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