sexta-feira, 25 de junho de 2010

A fé e as trinta moedas


Sílvio Lanna
Mais uma polêmica envolvendo jogadores da seleção brasileira capitalizou atenções nesta semana: a troca de farpas entre Kaká e o jornalista Juca Kfouri. Segundo o artilheiro, Juca o perseguia em razão de sua crença evangélica.
Juca afirmou-se ateu em video distribuído pela Internet e proferiu algumas afirmativas que, aparentemente, só comprovam o explícito preconceito afirmado por Kaká. Vejamos (parcialmente) o que disse o jornalista: "Kaká se engana e enfiou Jesus onde Jesus não foi chamado. Critico sim o merchandising religioso que ele e outros jogadores da Seleção costuma fazer, tentando nos enfiar suas crenças goela abaixo. Um tal exagero que a Fifa tratou de proibir..."
Agora, prestemos atenção ao outro lado da moeda: há outras peças de merchandising que o sr. Juca não critica. É o caso da cerveja Brahma, cujas inserções publicitárias são repetidamente divulgadas em todas as mídias e em vestuários dos jogadores. Mais ainda, vincula o uso da bebida à força dos "guerreiros brameiros" e às vitórias que poderá a seleção obter.
Alguém em sã consciência acha que esporte e álcool formam uma combinação feliz? Não acredito. O que ocorre é que a Brahma (assim como poderia ser o cigarro ou outra droga) passa a ser livremente aceita após despejar milhões de reais em verbas de patrocínio.
Portanto, seu Juca, não precisamos discutir o mérito de professarmos ou não uma religião. Vamos nos ater simplesmente aos atos de publicidade.
Por que o senhor acha que a crença de Kaká não pode nos ser enfiada "goela abaixo" da mesma forma que a cerveja, o guaraná, o banco e outros?
Aparentemente o senhor não é somente um ateu, é também um mercenário...

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