quinta-feira, 3 de junho de 2010

Esquecendo o passado

Sílvio Lanna.
O mundo assistiu atônito à ação israelense nesta segunda-feira , em que seus militares invadiram seis embarcações da chamada "Frota da Liberdade", que levava contribuições humanitárias à faixa de Gaza.
Alguns fatores ficaram comprovados: o fato ocorreu em águas internacionais, no comboio não havia armas, bombas ou algo que pudesse se constituir em efetiva ameaça a Israel, os manifestantes não portavam armas de fogo e, ainda, as nove vítimas fatais e as outras feridas foram atingidas por tiros desferidos pelos soldados invasores. A carga levada pela flotilha era realmente de suprimentos (dez mil toneladas) destinados aos 1,5 milhão de palestinos mantidos sob rigoroso bloqueio judeu. Segundo consta, a carga era constituída de alimentos, medicamentos, cadeiras de rodas, materiais de construção, e outros bens de primeiríssima necessidade para os refugiados.
Dentre as manifestações a respeito do incidente, a maior parte condenou o ato, pedindo sua apuração pelo Conselho de Segurança da ONU, além da exigência de desculpas e de indenizações por parte do governo israelense. Em tom semelhante tivemos a manifestação até mesmo da União Européia, por sua chanceler.
Como era de se esperar, o governo americano, sempre por sua Secretária de Estado, limitou-se a uma declaração protocolar em que nem mesmo se refere ao agente das agressões, seu tradicional e incondicional aliado Israel, ou, para os mais realistas, Israeua ou Usael.
O governo israelense tenta justificar o ataque e as mortes alegando
que dentre os integrantes do comboio encontravam-se aproximadamente cem pessoas ligadas ao Hamas e, portanto, considerados terroristas. Reconhece, entretanto, que a flotilha não continha navios de guerra e que seus passageiros e tripulantes não portavam armas de fogo.
Não obstante sua insustentável posição, o premier Netanyahu continua alegando que as forças de defesa sionistas agiram em legítima defesa e que as reações do mundo não passam de hipocrisia. Reitera sua defesa do bloqueio sob a alegação de que ele visa defender Gaza da instalação de uma "base iraniana de mísseis".
A desastrada intervenção israelense somente serviu para munir seus inimigos de considerável armamento diplomático, para isolá-lo frente à opinião pública internacional e, de quebra, deixar em constrangedora situação seu aliado de todas as horas - os Estados Unidos. Desta vez nem mesmo Hillary Clinton, em sua incansável busca por um novo conflito armado internacional, pode expressar sua verdadeira opinião, limitando-se a manifestações evasivas.
A Turquia, pátria de todas as vítimas fatais, manifestou-se duramente, chegando a ameaçar com o rompimento de relações diplomáticas com Israel. Isto é particularmente preocupante, uma vez que o governo turco tem sido importante mediador entre árabes e judeus em busca de paz no Oriente Médio.
Além dos resultados trágicos da operação militar, ficam expostos como exemplo para o planeta os atos inconsequentes praticados por quem elege a violência como instrumento político.
O retorno da extrema direita israelense ao poder não trouxe somente o recuo nas tentativas de paz para a região. Trouxe também o medo de que possa se romper o tênue equilíbrio de forças que mantém em potencial um imenso conflito que, gerado no Oriente Médio, pode se estender ao resto do mundo.



Um comentário:

  1. oi...quero dizer algo sobre o comentário do jornalista ;ele tem muita razão ,porque parece que quem tem valor é quem tem bolso cheio ,e mentes e valores vazios,tenho muita saudade quando o ser humano era visto pela sua boa educação ,pelos seus valores cristão,viche poderia dizer muito mais, infelizmente meu comentário não caberia . Completando,minhas palavras ,nossa sociedade è mais que muito mercenaria .....Um grande abraço

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