domingo, 6 de novembro de 2016


A REFORMA PROTESTANTE – OS PRÓXIMOS 500 ANOS

Nos últimos anos temos visto e participado de intensos debates acerca da intervenção de pastores e de igrejas protestantes (ou que se nomeiam assim) na política e na vida nacional. A polêmica se intensifica, bem como a inserção de pastores, bispos e outros dignatários no cotidiano político brasileiro, notadamente no Legislativo e no Executivo.

São pessoas que falam em nome de Deus e afirmam ter recebido Dele instruções, normas e comportamentos a serem cumpridos na vida nacional.

Os recursos financeiros gerados em nome do dízimo, das contribuições, das doações, do comércio de livros, dvds e de tantos outros produtos fabricados sob o sustentáculo da fé atingem cifras milionárias. Elas se transformam em templos magníficos, fazendas, carros importados, aviões, enfim, toda a sorte de riquezas contra as quais se postaram os reformistas em face da Igreja Católica.

Estarão eles retornando à Idade Média e trazendo para o século XXI todas as práticas combatidas por Calvino, Lutero e outros e que desaguaram na Reforma?

Chegou o tempo da Reforma da Reforma?

As mudanças que originaram as denominações protestantes fundamentaram-se principalmente na alegação de que a Igreja original afastou-se da Palavra de Deus inscrita na Bíblia. A autoridade do Criador foi substituída pela do Clero e as questões espirituais foram suplantadas pelas temporais, com os papas participando ativamente do poder político, financeiro e econômico.

Instrumentos de dominação e crueldade, como as Cruzadas e a Santa Inquisição tentaram preservar o poderio então abalado por tantos desmandos e pelo distanciamento de Deus.

A acumulação de riquezas, a venda de indulgências e a distribuição de benesses entre o alto comando eclesiástico foram duramente combatidas por alguns revolucionários até que o cisma se estabeleceu. A estrutura monolítica da Igreja Católica rachou e deu origem com o passar do tempo a uma diversidade de denominações e seitas de fundamentação bíblica.

Analisando a vida nacional em nossos tempos vislumbramos situações que nos remetem à escuridão espiritual da Idade Média. Pelo menos no que diz respeito aos argumentos lançados pelos reformadores e inscritos, dentre outros, nas 95 teses de Lutero.

Será um processo dialético, uma manifestação cíclica ou simplesmente uma obra de desfaçatez e de pecado?

A data formal de nascimento da Reforma Protestante é 31 de outubro de 1517. Assim sendo, caminhamos para os festejos de seus quinhentos anos.

Festejar é preciso, pois muito se avançou, principalmente em algumas denominações. Mas a festa será despida de qualquer utilidade se não rediscutirmos o tema em seu sentido mais amplo.

Este blogueiro confessa-se protestante, vinculado à Igreja Presbiteriana do Brasil. Mas estas publicações não são um libelo religioso ou mesmo possuem sentido evangelístico. São um alerta, mais que isto, um brado de insatisfação com muitos fatos que permeiam nossos dias em sociedade, onde evangélicos e evangélicos parecem ser farinha do mesmo saco.

Tem o joio e tem o trigo.

Tem, acima de tudo, Deus e sua Palavra a que os crentes devemos nos submeter, com afinco, resignação, inteligência e perspicácia.  

Este blog inicia hoje uma série de publicações semanais, a cada segunda feira, onde serão trazidos à discussão temas como a situação histórico-política na Europa no período pré-Reforma, breve relato sobre vida e obra de alguns dos primeiros reformadores, os dramas e tragédias ocorridos no fim da Idade Média, pequeno histórico sobre vida e obra de Calvino e de Lutero, comparativo entre as teorias propostas por ambos, esclarecimentos sobre a orientação calvinista da Igreja Presbiteriana, igrejas pentecostais, neopentecostais e outras que se dizem evangélicas, rumos da Reforma no século XXI e outros temas afetos à questão central.

Opiniões e críticas serão bem vindas.

Uma boa noite a todos e até a próxima segunda feira.


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