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REFORMA PROTESTANTE – OS PRÓXIMOS 500 ANOS
Nos últimos anos temos visto e
participado de intensos debates acerca da intervenção de pastores e de igrejas protestantes
(ou que se nomeiam assim) na política e na vida nacional. A polêmica se
intensifica, bem como a inserção de pastores, bispos e outros dignatários no
cotidiano político brasileiro, notadamente no Legislativo e no Executivo.
São pessoas que falam em nome de
Deus e afirmam ter recebido Dele instruções, normas e comportamentos a serem
cumpridos na vida nacional.
Os recursos financeiros gerados em
nome do dízimo, das contribuições, das doações, do comércio de livros, dvds e de
tantos outros produtos fabricados sob o sustentáculo da fé atingem cifras
milionárias. Elas se transformam em templos magníficos, fazendas, carros
importados, aviões, enfim, toda a sorte de riquezas contra as quais se postaram
os reformistas em face da Igreja Católica.
Estarão eles retornando à Idade
Média e trazendo para o século XXI todas as práticas combatidas por Calvino,
Lutero e outros e que desaguaram na Reforma?
Chegou o tempo da Reforma da
Reforma?
As mudanças que originaram as
denominações protestantes fundamentaram-se principalmente na alegação de que
a Igreja original afastou-se da Palavra de Deus inscrita na Bíblia. A autoridade
do Criador foi substituída pela do Clero e as questões espirituais foram
suplantadas pelas temporais, com os papas participando ativamente do poder
político, financeiro e econômico.
Instrumentos de dominação e
crueldade, como as Cruzadas e a Santa Inquisição tentaram preservar o poderio
então abalado por tantos desmandos e pelo distanciamento de Deus.
A acumulação de riquezas, a venda de
indulgências e a distribuição de benesses entre o alto comando eclesiástico foram
duramente combatidas por alguns revolucionários até que o cisma se estabeleceu.
A estrutura monolítica da Igreja Católica rachou e deu origem com o passar do
tempo a uma diversidade de denominações e seitas de fundamentação
bíblica.
Analisando a vida nacional em nossos
tempos vislumbramos situações que nos remetem à escuridão espiritual da Idade
Média. Pelo menos no que diz respeito aos argumentos lançados pelos
reformadores e inscritos, dentre outros, nas 95 teses de Lutero.
Será um processo dialético, uma
manifestação cíclica ou simplesmente uma obra de desfaçatez e de pecado?
A data formal de nascimento da Reforma
Protestante é 31 de outubro de 1517. Assim
sendo, caminhamos para os festejos de seus quinhentos
anos.
Festejar é
preciso, pois muito se avançou, principalmente em algumas denominações. Mas a
festa será despida de qualquer utilidade se não rediscutirmos o tema em seu
sentido mais amplo.
Este blogueiro confessa-se protestante,
vinculado à Igreja Presbiteriana do Brasil. Mas estas publicações não são um
libelo religioso ou mesmo possuem sentido evangelístico. São um alerta, mais
que isto, um brado de insatisfação com muitos fatos que permeiam nossos dias em
sociedade, onde evangélicos e evangélicos parecem ser farinha do mesmo saco.
Tem o joio e tem o trigo.
Tem, acima de tudo, Deus e sua
Palavra a que os crentes devemos nos submeter, com afinco, resignação,
inteligência e perspicácia.
Este blog inicia hoje uma série de
publicações semanais, a cada segunda
feira, onde serão trazidos à
discussão temas como a situação histórico-política na Europa no período
pré-Reforma, breve relato sobre vida e obra de alguns dos primeiros
reformadores, os dramas e tragédias ocorridos no fim da Idade Média, pequeno
histórico sobre vida e obra de Calvino e de Lutero, comparativo entre as
teorias propostas por ambos, esclarecimentos sobre a orientação calvinista da
Igreja Presbiteriana, igrejas pentecostais, neopentecostais e outras que se
dizem evangélicas, rumos da Reforma no século XXI e outros temas afetos à
questão central.
Opiniões e críticas serão bem vindas.
Uma boa noite a todos e até a
próxima segunda feira.
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