A REFORMA PROTESTANTE – OS PRÓXIMOS 500 ANOS
É objeto destes artigos
traçar modestas linhas a respeito da Reforma
Protestante, que cindiu definitivamente a Igreja Católica inaugurando nova
visão sobre os ensinamentos da Bíblia. É também seu objetivo participar das
comemorações dos quinhentos anos da Reforma. Sua data oficial de nascimento –
31 de outubro de 1517 – nos levará nestes próximos doze meses a 2017 e às
necessárias reflexões, autocríticas e orientações para que nos próximos 500
anos também os rumos do protestantismo sejam revistos e aperfeiçoados.
Necessário que se expurguem desvios e que se corrijam rumos para a retomada das
razões que levaram tantos reformadores a arriscar – e a perder – suas vidas.
Acima de tudo, que voltemos a nos submeter aos ensinamentos e às determinações
das Sagradas Escrituras como legítima expressão da palavra de Deus. Tudo isto
com fé e determinação, mas também com inteligência e perspicácia, que nos foram
emprestadas pelo Criador também para verdadeiramente entender suas
Palavras.
Primeira parte:
O surgimento dos Estados Nacionais
O momento histórico pré-Reforma caracterizou-se pelo
enfraquecimento do papado. A Igreja Católica, que detinha também o poder
político em muitas nações, viu surgirem os Estados Nacionais precursores das
modernas nações da Europa. As primeiras idéias de eleição (ainda que indiretas)
de imperadores determinou o enfraquecimento dos reis totalitários e do Clero
como entidade política. Consequência lógica dessa divisão de poderes foi o
tensionamento das relações Igreja-Estado.
Em países como França e Inglaterra os monarcas forçaram a diminuição
do poder clerical e começaram a articular organismos que foram a gênese dos
parlamentos modernos. Isto por volta dos anos 1250-1320, em plena Idade Média.
Poder também é riqueza material. Bonifácio VIII, um papa que
admirava mais as fortunas materiais que as espirituais desentendeu-se com a
monarquia francesa em razão da divisão dos impostos. Resultou que acabou preso
por Filipe IV, monarca francês, deixando antever para que lado pendeu
definitivamente a divisão de poder então em curso.
Em situação muito semelhante à que percebemos em nossos tempos, a
perda de poder abre caminho para críticas e faz crescer o coro dos
insatisfeitos. As extravagâncias do Clero, sua sede por riquezas e acúmulo de
bens materiais começou a se manifestar entre os populares.
Essa sucessão de desventuras acabou por provocar o que veio a ser
chamado de “O Grande Cisma”. Após uma série de desavenças e lutas pelo poder, a
Igreja Católica cindiu-se, tendo sido criados três papados com líderes
distintos. Suas sedes eram em Roma, Pisa e Avignon. Tal situação só gerou o
crescimento dos clamores por reformas na Igreja.
Aprofundando-se a constrangedora situação vivida pelo Clero, cada
um dos três papas excomungou os demais, rivais no poder e na divisão da
riqueza.
Martinho V, eleito papa pelo Concílio de Constança, no início dos
anos 1400, unificou a Igreja, tornando-se novamente uno na direção do
catolicismo. Além de perseguir os dissidentes, condenou-os, bem como aos pré
reformadores João Wycliff, João Hus e Jerônimo de Praga.
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