sexta-feira, 29 de setembro de 2023

OS VELHOS JÁ NÃO SABEM DISTINGUIR ENTRE UM PEN DRIVE E UMA MOTOSERRA?

 


É o vento frio do inverno que incendeia corações.

É do silêncio das bocas caladas que brotam os discursos amorosos.

É dos gestos imóveis que procedem as melhores carícias.

É do pensamento que surge a ação.

É da morte que nasce a vida.           

A vida, em síntese, é um exercício da mais pura dialética, confrontando o novo e o velho para que se produzam as grandes conquistas. O confronto das idéias é a gênese da mais profícua inteligência e seu admirável poder de disseminação por entre os de boa-fé. Mas só entre os de boa-fé.

Dialética que é, também convive com a imbecilidade daninha que busca sugar sua seiva para transformá-la em proposituras estapafúrdias e vazias. Mas o bem sempre vence. E a inteligência também. Porém não me refiro àquela denominada “artificial”, que não é mais que um produto de consumo. Não contém em si o poder apocalíptico que lhe tem sido atribuído.

Não, não mesmo!

Somos maiores que ela.

E somos mais fortes!

Somos divinos!

Neste mundo em que vivemos, já tão gasto pelo uso – pelo mau uso, diga-se – ainda opomos o novo e o velho não como complementaridades, mas como antagonistas de uma comédia burlesca que insistimos em encenar.

Brotam nas redes – as sociais – seres caricatos à semelhança dos geniais personagens de Pasolini em Decameron ou nos impagáveis Contos de Canterbury. Mas sem nenhuma graça ao inverso daqueles, porque frutos da ausência da dialética e do autêntico esforço mental. Tais produtos nem mesmo se prestam à purgação da anátema cristã, como os geniais houveram merecido.

Ao redor de nós mesmos gira esse mundo, lar nosso, muitas vezes autofágico (que o diga a mãe natureza) e tantas vezes caótico porque perdido em si mesmo. Neste reino do hedonismo, o que fazer com a razão?

E com as emoções, quais ainda nos restam?   


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