sexta-feira, 18 de agosto de 2017

O FILME DA MINHA VIDA


Falar a respeito de temas que não estão inseridos em nosso universo profissional é algo prazeroso. O descompromisso com o rigor técnico, a ausência do temor de alguma gafe ou o deslizar de opiniões conflitantes com as de quem é do ramo dão à gente um incontido prazer.

Não sou crítico de cinema e nem possuo formação para tanto. Apenas um cinéfilo que hipoteca suas emoções e algum feeling na apreciação das obras consumidas com gulodice.

“O Filme da Minha Vida” deve agradar qualquer um que esbanje sensibilidade e apreço à beleza. Pode ser também da vida de expectadores que tenham na delicadeza um objeto de admiração.

“O Palhaço”, segunda obra do diretor Selton Melo é um primor de delicadeza, espumando o belo em sua simplicidade, a emoção contida nos limites perfeitos e a atmosfera de delicada singeleza. Tudo isto com a leveza poeirenta das estradas de chão. As pitadas do humor às vezes insólito - e também delicado – servem de válvula para conter o tom emocional nos limites pretendidos. Uma obra prima.
           
Selton trouxe em “O Filme da Minha Vida” algumas dessas características, adicionando uma belíssima fotografia e um bom desempenho do elenco. Vincent Cassel, por exemplo, tem uma curta atuação, mas que se confunde perfeitamente com o que se esperaria do personagem.

Não concordo, data venia, com a opinião de um renomado crítico de cinema segundo a qual os personagens seriam arquetípicos, não conseguindo ultrapassar os limites de símbolos já produzidos internacionalmente.  O envolvimento entre a história, os personagens e a primorosa trilha musical, tudo sob o glacê da direção precisa aponta apenas para eventuais semelhanças, nada que comprometa o resultado final.

As locações, os constantes closes e a cor também fazem da obra um momento maravilhoso de nosso cinema que, há anos atrás não conseguia ultrapassar os limites da pornografia.

Gostei do filme e me tornei fã do Selton, tão brilhante na direção como na atuação em “O Auto da Compadecida”.

Também acho que atingimos mais um patamar de qualidade, rigor técnico e expressividade na sétima arte brasileira, o que cada vez mais me orgulha.


Assistam, prestigiem, deleitem-se.       

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