A REFORMA PROTESTANTE
Quarta parte:
O fim da Idade Média – panorama histórico e social
A Idade Média talvez tenha sido o
período mais conturbado e polêmico da humanidade. Caracterizou-se por extremos,
pela obscuridade, pelo medo e por muito sofrimento. Entre 1337 e 1453. Travada
entre Inglaterra e França principalmente por questões territoriais, mas também
comerciais. É considerada a última guerra feudal e a primeira moderna.
Durante esse período a Europa teve
ainda que enfrentar a Peste Negra e a miséria dos camponeses, principalmente os
franceses, submetidos a tributos abusivos e à queda na produção agrícola.
Tudo isto proporcionou o
surgimento de Joana D´Arc, heroína que contribuiu para a reorganização das
forças francesas, dizendo-se enviada por Deus. Mesmo tendo aglutinado
sentimentos e trazido benefícios ao exército, foi traída pela nobreza da
França, que a entregou aos ingleses, tendo sido submetida à fogueira 30 de maio
de 1431.
A Europa sofreu mais uma tragédia
medieval: a Peste Negra, ou Peste Bubônica, ocorrida entre 1347 a 1353, uma das
epidemias mais avassaladoras da humanidade. Intercalada no período da Guerra
dos Cem Anos, estima-se que matou entre 25 e 75 milhões de pessoas, o que
significou à época aproximadamente um terço de toda a população. Tal montante,
se transposto para nossos dias, significaria o extermínio de mais ou menos 250
milhões de habitantes, ou seja, cinco vezes mais do que todas as mortes
ocorridas durante a Segunda Guerra Mundial. Uma tragédia de proporções
apocalípticas, fruto da falta de higiene costumeira na época medieval,
transmitida pelos abundantes ratos que compartilhavam com os humanos a vida nas
comunidades.
Além de tudo isto, o continente
europeu sofreu sérios problemas econômicos nos estertores da Idade Média,
derivados da abrupta queda de produtividade das lavouras, causada pela exaustão
do solo, uma onda de frio intenso que varreu os campos. A fome e a miséria
inundaram o continente, levando os desesperados aldeões a sulpar os próprios
pecados pela situação vivida. Castigo de Deus. Buscaram no autoflagelo e nas
penitências o perdão de suas faltas, tentando diminuir o que imaginavam ser a
ira divina.
Com a redução das safras e,
consequentemente, da renda obtida pelos impostos, os nobres elevaram-nos,
extorquindo ainda mais os camponeses já debilitados por tantos problemas.
Como se não fossem suficientes
tantos dramas, em solo inglês iniciou-se a Guerra das Duas Rosas (1455),
resultante da insatisfação popular com o acordo firmado para por fim à Guerra
dos Cem anos, tendo durato aproximadamente trinta anos.
Tudo isto, somado à consolidação
dos Estados nacionais e ao aumento do poder em mãos dos soberanos levaram a
forte queda na autoridade papal, reduzindo fortemente o poder político da
Igreja.
Nesse caldo de cultura, os
reformistas aproveitaram-se para combater o Clero e seus desmandos. A
acumulação de fortunas, venda de indulgências, interferência política,
afastamento das questões clericais foram amplamente discutidos, não obstante as
perseguições e condenações que sofreram por parte do Clero.
Caminhava
para seu fim o princípio corpus christianum até então vigente, segundo o
qual tudo estava submetido à Igreja e, consequentemente, ao Clero, inclusive os
Estados e a política.
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