Por bolha entendemos uma situação
de euforia e de ganhos financeiros acompanhados da sensação de boas
oportunidades, mas que não possui o devido lastro. Ou seja, assemelha-se a uma
bolha de sabão, que é colorida, exuberante, apresenta grande expansão, mas é
débil, delicada e quando estoura possui apenas ar em seu interior. A bolha,
portanto, é fruto de pura especulação.
Por pirâmide entendemos o golpe financeiro
tantas vezes aplicado em nosso país. É um aparente investimento que costuma
oferecer condições mirabolantes, altos rendimentos e uma ilusão de garantia
representada pela promessa de ganhos mínimos consideráveis. O nome advém da
situação dos participantes, que formam uma espécie de pirâmide à medida em que
as operações aumentam, criando uma grande base que vai se estreitando até o topo,
onde se encontram os verdadeiros ganhadores. Ou seja, os criadores e os
primeiros investidores, que ficam no alto, ganham bastante dinheiro. À medida
em que nos aproximamos da base, os prejuízos tendem a aumentar. Os últimos “investidores”
têm os maiores prejuízos, chegando a perder absolutamente tudo o que aplicaram.
Como exemplos tivemos no Brasil as operações com boi gordo, com avestruzes,
containers para locação e muitos outros.
Quanto ao risco, é uma condição
sempre presente em investimentos não conservadores. Os fundos em geral, aí
incluídos os cambiais, de ações e de commodities, bem como as operações com
dólar físico, mercados futuros, derivativos e tantos outros, têm
rentabilidades, prazos e condições diversas, mas em comum possuem o risco.
Também este é variável de intensidade, variando entre os moderados (lastreados parcialmente
por garantias, como o hedge) e os arrojados ou agressivos, onde o perigo de perda
é grande, sem qualquer lastro. Óbvio que maior risco representa
consequentemente a possibilidade de grandes lucros ou amargos prejuízos.
Bitcoin é uma das espécies de
criptomoedas, mas não é a mais recente. Diversas vieram antes dela, mas jamais
atingiram seu grau de demanda. Trata-se de moeda virtual que não possui
controladores, nação, depósito material ou mesmo produção física. Coisa de
Internet, que também é uma rede imensa, complexa, repleta de trilhas e desvios,
mas que não existe materialmente. As compras e vendas dos bitcoins são
efetuadas por operadores virtuais, em transações eletrônicas que impõem um preço
para compra e outro para a venda (como se faz nas operações com moedas estrangeiras).
As operações são bem simples: o
saldo em moeda nacional existente em conta bancária do investidor é trocado
pela moeda eletrônica na cotação de compra do momento, constituindo-se em sua
carteira virtual e vendida posteriormente (a critério do titular), pela cotação
de venda. No primeiro momento, o investidor emite uma ordem de compra e no
segundo (quando desejar), emite uma ordem de venda.
Para controlar seus investimentos,
bem como os respectivos créditos e débitos e as cotações virtuais, o investidor
maneja seu dashboard, espécie de extrato virtual amigável e de simples
operacionalidade.
E os riscos dos bitcoins? São
muitos e absolutamente imprevisíveis.
Trata-se de operações sem a menor
fiscalização do Estado, dos bancos centrais, das autoridades monetárias e de
valores mobiliários, sem endereço e sem qualquer controle por parte dos
investidores. As fantásticas valorizações que vêm ocorrendo nesse mercado podem
refletir:
- O "comportamento de manada" (que é o
aporte de multidões de aplicadores incentivados por outros anteriores – “maria
vai com as outras”) e que não reflete uma situação real de oferta e demanda,
mas apenas entusiasmo repentino e às vezes passageiro.
- Forte entrada de capitais de
operações criminosas, como tráfico de drogas, de armas, de pessoas e outras, em
busca de condições propícias para sua “lavagem de dinheiro”. Não é, portanto,
companhia recomendável para investidores verdadeiros.
- Desejo de grupos terroristas
esconderem e “lavarem” seus capitais, bem como transferi-los mais facilmente
para compra de armas, explosivos e pagamento de integrantes. Já houve comprovação
(inclusive com prisão de suspeitos) de que o Exército Islâmico vem utilizando
os bitcoins para esse fim.
- Uma imensa bolha financeira não
sustentada pelo mercado formal e que pode explodir a qualquer momento,
deprimindo fortemente suas cotações. Consideremos que o comércio físico ou
mesmo o e-commerce ainda não aceita em sua totalidade os bitcoins como forma de
pagamento, mesmo com a crise de vendas que enfrenta atualmente.
Enfim, é um mercado financeiro
virtual que se posta no mesmo caminho dos bancos on line que já operam
fartamente do Brasil e no resto do mundo. É tendência que veio para ficar, até
mesmo com o encolhimento das instituições que operam fisicamente.
As moedas virtuais continuarão a
existir e certamente se integrarão ao mercado de comércio e indústria,
convertendo-se em verdadeiros meios de pagamento e de investimento. Farão parte
do mundo e da vida de cada um de nós no futuro próximo. Para isto deverão ser regulamentadas
e efetivamente fiscalizadas pelo Estado e por quem de direito.
Por enquanto são um imenso risco.
Coisa para profissionais e entendedores.
Amadores só servem, nesta
situação, de massa de manobra para a obtenção de gordos lucros pelas raposas de
plantão.
Uma fantasia que pode custar
muito caro!
Silvio, grande texto.
ResponderExcluirObrigado, Walisson.
ExcluirÓtima reflexão!!
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